Logo que
eu comecei a trabalhar daqui e dali, eu sempre achava legal estar com a mente
ocupada. Desde a faculdade eu sempre queria estar fazendo estágios, com a mente
cheia. Eu queria abraçar todas as coisas ao mesmo tempo, ajudava os outros e
muitas vezes esquecia de mim, sempre voltada a trabalhar e em arranjar uma
forma de ganhar dinheiro. Sempre entrava em um trabalho e acabava insatisfeita
e saía. Sempre nessa mesma ordem. Um dia percebi que tinha alguma coisa errada.
Na verdade, eu achava que eu estava trilhando um ótimo caminho na minha vida e
de um dia pro outro descobri que não estava.
O que o
tempo me mostrou é que, na verdade, eu tinha a necessidade de me sentir competente
e sempre com dinheiro para me mostrar independente aos olhos dos outros. E
essas atividades acabavam me fazendo sentir dessa forma.
Quando
você identifica a sua necessidade primária, fica mais fácil entender o que você
precisa mudar em vez de simplesmente aceitar que é assim que deve ser.
Quando eu
percebi que eu tinha a necessidade de me sentir competente e com dinheiro eu
percebi que estava tomando atitudes erradas ao longo da minha vida. Na verdade,
eu só precisava trilhar um caminho que fosse condizente com o que eu queria. Eu
sempre estava buscando desviar meu foco, muitas vezes por falta de confiança em
mim mesma e por não saber quais escolhas tomar. Parei e pensei, “poxa, o que é que
eu to fazendo com a minha vida?”.
Mas, não
é fácil reconhecer ou admitir qual é o problema e qual é a verdadeira
necessidade por trás de alguns dos nossos comportamentos. Por isso, é
inevitável começarmos a encontrar desculpas para justificar o motivo pelo qual
a nossa vida é do jeito que é.
Muitas
vezes dizemos que não temos escolha e tentamos explicar para o mundo o porquê
que temos que estar em tal situação. A realidade é: sempre temos escolha. O que
acontece é que nem sempre estamos dispostos a lidar com as consequências e por
isso criamos barreiras para nos auto-proteger.
Aqui vão
algumas das mentiras que eu costumava contar a mim mesma até que decidi mudar:
1. Se eu tivesse mais dinheiro eu poderia fazer “isso”.
O dinheiro sempre foi a maior desculpa para tudo na
minha vida. “Não faço exercícios porque não tenho
dinheiro para academia. Não falo inglês porque não tenho dinheiro para pagar um
cursinho Não vou casar porque não tenho dinheiro para me manter depois do
casamento”. Um
monte de bobagem.
É claro
que muita gente realmente tem um orçamento bastante apertado. Acredite, eu ainda
sou assim e muita gente acha que sou “super cheia das granas”. Pago minha
faculdade com muito esforço, além de um curso para me qualificar um pouco mais.
Tento não sair muito para poupar, ando de ônibus e poucas vezes me sobra
dinheiro para comprar uma calcinha.
E,
justamente por ter alguma experiência sobre o que é ter uma conta
eternamente negativa, que eu te digo que dinheiro não é desculpa para não
fazermos as coisas.
Usamos a falta de dinheiro para nos convencer de
que nossa vida não é incrível porque vivemos numa sociedade injusta e desigual.
Mas eu vou te dizer uma coisa, quer fazer exercícios? Faça caminhadas. Quer
estudar uma língua? Hoje é possível fazer isso de graça na internet através de diversos
sites. Quer viajar? Economize de pouquinho em pouquinho e vá para algum lugar
mais próximo, mas que também seja prazeroso.
É claro que estes são alguns pequenos exemplos, mas
são coisas das quais as pessoas mais reclamam que não podem fazer sem dinheiro.
Além disso, quando damos mais atenção ao nossos gastos, mais fácil fica de se organizar.
2. Se eu tivesse mais tempo eu faria “isso”.
Como “isso” entenda qualquer coisa que você
não faça por falta de tempo. Pode ser um curso, exercícios físicos, sair mais
com os amigos, ler um livro, fazer caridade, não importa. Falta de tempo virou
a desculpa universal para justificar o fato de que não conseguimos lidar com as
24 horas do nosso dia.
Uma coisa
que eu aprendi é que quando você REALMENTE quer fazer uma coisa, você arruma
tempo, por mais ocupado que você esteja.
A questão
aqui é que, ou você quer muito uma coisa, ou você não quer tanto assim e o
tempo não pode ser a desculpa por você não fazer.
Eu sempre
quis ter um blog, mas sempre dizia que não tinha tempo para escrever e nem iria
ter assunto para isso. Na verdade, o grande problema estava em mim, eu não
queria tirar um tempo para isso no momento.
Aí você me diz, “Mas,
eu juro que eu não tenho tempo para nada”.
Eu
acredito! Só que ser ocupadíssimo também é uma escolha. Nós investimos nosso
tempo naquilo que é importante para nós, por isso, se você está trabalhando muito,
é porque tem alguma coisa que você queira mais do que tudo e que vai ser resultado
desse tempo investido no seu trabalho. E assim, você está deixando de fazer outras
coisas que no fundo não devem ser tão importantes assim no momento.
3. Eu mudaria “isso” na minha vida, se não fosse “aquilo”.
Até pouco
tempo atrás eu ainda estava sem saber se casava ou não. Muita gente dizendo que
sou nova, que tenho que curtir e ainda mais, ter um emprego estável para me
tornar antes de tudo independente. Aí pensei, “quem disse que isso é uma regra?”
Eu já terminei uma faculdade, ainda não tenho o emprego dos sonhos, mas vou
trilhando meu caminho assim como trilharia mesmo sem estar com o status de
casada.
Depois que parei para pensar que não casava por causa
dos outros e não por minha causa, resolvi que iria casar. Na verdade, as desculpas
que eu utilizava eram as desculpas dos outros.
Pensem que não podemos deixar que filhos, animais de estimação, dívidas,
emprego, mãe ou pai e os outros sejam desculpas para aliviar o fato de que não
temos coragem para tomar algumas atitudes em nossas vidas.
4. Se “isso” acontecesse, minha vida seria perfeita.
Aqui o “isso” pode ser comprar uma casa, ter um
filho, ser promovido no emprego, casar, ser independente. O nosso grande
problema é que o “isso”, nesse caso, nunca será suficiente. É a lei da
vida. O ser humano nunca está totalmente satisfeito e está sempre em busca de
algo para ser mais feliz.
O
problema é que, quando estamos sempre olhando para o futuro nos esquecemos de
ser gratos pelo momento presente. Mas, eu não vou te dar o conselho mais óbvio do
mundo da autoajuda que é viva o presente e agradeça por tudo.
A dica é: use essa necessidade de sempre querer o
que não tem como motivação, e não como a razão pela qual você não é feliz.
Aprecie o desafio de correr atrás desse objetivo e deixe que isso te faça feliz
e não infeliz.
5. Eu não vivo sem “isso”.
Na
maioria dos casos, sim, você vive.
Por
exemplo, não vivo sem meu celular. Vive sim! Vai acampar e ver a luz da lua e
das estrelas e veja se você não esquece o celular. E outra, não vai ter sinal
no mato mesmo. Aproveite a companhia do namorado, cachorro, amigos e veja se
você não desgruda mais do celular. Lembre-se que o pessoal de antigamente vivia
sem nada disso.
Uma coisa
que aprendi é que para tudo existe um jeito e que nós nos adaptamos as
situações mais do que imaginamos. Nos acostumamos a viver sem coisas e pessoas
ao longo da vida. Claro que podemos passar por um período de saudade, mas
depois de um tempo a vida se ajeita.
O que nos
faz ter a sensação de que “isso” é tão importante para a nossa vida ao ponto de
não conseguirmos viver sem é que, muitas vezes, colocamos em coisas ou pessoas
a responsabilidade da nossa felicidade.
A grande
verdade é que nossa vida é feita de grandes coisas que não enxergamos. Muitas
vezes só vemos o lado ruim de tudo, pois é do ser humano ser assim. Mude isso
na sua vida e pare de arranjar desculpas. Muitas vezes erramos, tomamos
atitudes equivocadas, mas a boa notícia é que quando você acordar no outro dia
irá ter uma nova chance.
Escolha ser feliz.